Depois de longos 14 anos de seca e espera, o açude Orós — o segundo maior reservatório de água do Ceará — voltou a encher e a transbordar neste sábado, 26. Foi uma cena emocionante que mexeu com o coração de quem vive na região do Jaguaribe e acompanha de perto a luta do sertanejo contra a estiagem. O anúncio da sangria veio das redes sociais do próprio governo do estado, que celebrou o momento como “renovação de esperança, fartura e alegria”.
Sangria do Açude Orós
E não era pra menos. A sangria do Orós não é só simbólica — ela representa vida pra mais de 70 mil pessoas que dependem desse reservatório diretamente. Ele reforça a vazão do rio Jaguaribe, o maior do Ceará, e abastece três sistemas hídricos fundamentais: Orós–Feiticeiro, Orós–Lima Campos e Orós–Jaguaribe. Tudo isso é essencial pra garantir água pra beber, irrigar plantações e tocar os pequenos negócios rurais da região.
Construído em 1961, o açude tem uma capacidade absurda: cerca de 2 bilhões de metros cúbicos de água. E agora, graças às chuvas generosas que caíram nos últimos anos — especialmente nas bacias do Alto Jaguaribe e do Salgado —, o reservatório tá cheio de vida de novo. Só neste ano, 11 açudes dessas bacias atingiram nível de sangria. É o sertão sorrindo.
O diretor de Operações da Cogerh, Tércio Tavares, resumiu bem o sentimento de todos:
“Hoje é um dia extremamente especial. Estamos tendo a oportunidade de, após 14 anos, ver esse gigante da reservação hídrica sangrar novamente.”
Segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o açude Orós é mais do que um reservatório — é um símbolo de resistência e renovação. Os riachos e rios que alimentam esse gigante vêm da bacia do Alto Jaguaribe, e em Icó eles se encontram com o rio Jaguaribe, numa dança natural que move o sertão.
E os números impressionam: entre os 134 açudes monitorados pela Cogerh e o DNOCS, o estado hoje acumula mais de 13,5 bilhões de metros cúbicos de água — 74,76% da capacidade total do Ceará. Um alívio, um presente da natureza, e um novo fôlego para um povo que nunca deixou de acreditar.